quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Debate - José Serra



Educação

“A educação representa a vida no futuro, encarna aquilo que o Brasil vai ser. Quero propor um pacto nacional pela educação; que durante dez anos a educação não seja objeto de disputa política”.

“O Governo atual investiu sete vezes menos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador para a qualificação profissional. A lei que permitiu usar recursos do FAT para treinamento foi de minha autoria, quando deputado. Enquanto no período anterior passaram por cursos do FAT cerca de 14 milhões de trabalhadores, no governo atual, da Dilma, passaram não mais de 2 milhões, sete vezes menos. Esse é um problema sério”.

“As vagas do Governo Federal no ensino técnico e tecnológico são, somadas, menores que as vagas do governo de São Paulo. E não é porque o governo de São Paulo seja rico ou isso e aquilo, é porque sabe gastar bem o dinheiro”.

“Existem dados oficiais mostrando que o número de vagas nas escolas federais cresceu moderadamente, muito menos do que em São Paulo. Vou criar um milhão de vagas e fazer o Protec, que é o Prouni das escolas técnicas. Esses dados de ensino técnico são sempre virtuais. Os números são sempre apresentados na versão da fantasia”.

“O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica mostrou que São Paulo foi o Estado que mais avançou em matéria de educação no Brasil. É líder no ranking do ensino fundamental”.

“Eu não vou acabar com o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. Vocês (PT) desmoralizaram o Enem, deixaram no chão. Deixaram vazar os dados de milhares de estudantes”.

“Em São Paulo a Educação melhorou. Os professores têm incentivo ao mérito, plano de carreira. Colocamos duas professoras por sala de sala para o ensino fundamental”.

“O Enem é a transformação de vários provões da época do ministro Paulo Renato de Souza (Educação), a que o PT foi contra. O Enem precisa ser respeitado”.

Privatizações

“A campanha da candidata na televisão mente o tempo inteiro a respeito das minhas posições sobre a Petrobrás. Eu lutei desde a juventude pela Petrobrás”.

“O que acontece, de fato? É que na véspera da eleição vem o PT e coloca a privatização como uma questão puramente eleitoral. Não tem nada a ver com os problemas atuais do Brasil”.

“Hoje, não há na agenda brasileira empresas para serem privatizadas. Tem empresas, isto sim, para serem estatizadas. Em que sentido? São empresas públicas de que o governo é proprietário, mas são usadas para fins privados de um partido, de um grupo, de uma turma, como acontece, inclusive, infelizmente, na própria área da Petrobrás”.

“A desconfiança quanto à solidez da administração da Petrobras é tamanha que o preço dela que vinha caindo se recuperou parcialmente com a minha subida nas pesquisas”.

“A Dilma, como ministra e presidente do conselho da Petrobrás, fez leilões para que a iniciativa privada explorasse petróleo. Quando eles fazem, isso não é privatização. Se alguém falar, é”.

“O presidente do PT (José Eduardo Dutra) elogiou a lei que foi aprovada no governo FHC a respeito do petróleo. Ele atribui o crescimento que aconteceu na produção a essa lei, lei à qual o PT se opôs”.

“A Dilma elogiou a abertura à privatização na área de telecomunicações. Hoje, um mecânico, um eletricista, um marceneiro podem receber telefonema enquanto estão trabalhando. Se dependesse do PT, teria que ir ao orelhão da esquina, porque eles eram contra esse processo”.

“O que eles costumam fazer com empresas estatais? Privatizar de acordo com os seus interesses. Para a turma, para partidos, inclusive para o Collor, para este, para aquele, entregando pedaços das empresas, que são usadas como se fossem privadas. E isso eu vou acabar”.

“Empresa estatal vai ser estatal de verdade, para o povo brasileiro”.

Drogas e Segurança Pública

“A penetração da droga, do crack na nossa juventude é fatal. Estima-se que 600 mil brasileiros hoje sejam dependentes da droga. É um problema gravíssimo. Uma questão fundamental é que a droga entra livre no Brasil. Não há guarda de fronteiras coisa nenhuma, entram contrabando de armas e de drogas à vontade”.

“A droga vem da Bolívia, o governo brasileiro não fez nada junto ao governo boliviano de concreto, de significativo para parar a entrada dessa droga. Como deixa as nossas fronteiras a descoberto”.

“Você (Dilma) vê o mundo com os óculos do PT, tudo azul, tudo arrumadinho. A própria Polícia Federal aponta gravidade do tráfico de drogas - fronteiras desprotegidas, não tem veículo nenhum voando por lá”. [em referência à aeronave não-tripulada citada pela candidata do governo, que não está funcionando].

“Existe um Fundo Nacional de combate às drogas, que é significativo e poderia estar ajudando muitos estados e municípios. Desse fundo, o Governo Federal gastou, nos últimos oito anos, em torno de 50%. No ano passado, menos de 40%. O combate à droga não tem sido uma prioridade desse governo”.

"Eles são contra clínica de internação de dependentes químicos. Internação voluntária, não compulsória. Nós criamos 300 vagas – que atendem mais gente,com a rotatividade - como uma experiência para ser multiplicada no futuro pelos estados e pelo Brasil. Nós apoiamos as comunidades terapêuticas pelo Brasil inteiro. O Governo Federal não faz isso. São elas que tratam realmente de dependentes de maneira muito competente”.

“O Ministério da Justiça criou um programa muito pomposo, colocando como meta que a taxa de homicídios no Brasil iria cair de 24 [por 100 mil], para 10, 12... E isso não aconteceu. Ao contrário, ficou no mesmo nível e a segurança piorou em 16 estados”.

“A segurança em São Paulo é uma das que mais avançaram no Brasil: a taxa de criminalidade e de mortes por 100 mil habitantes caiu 70% nos últimos 10 anos. É um problema grave? É, e está no conjunto do Brasil essa questão, inclusive nos estados governados por governadores do PT que têm ido muito mal dessa matéria”.

Infraestrutura

“Nós temos tido problemas sérios de infraestrutura no Brasil, inclusive, na área de estradas. Os investimentos em estradas foram menores do que na década passado, está publicado”.

“O Brasil nunca investiu tão pouco em estrada. Sugiro a ela (Dilma) que vá andar à noite na estrada de Feira de Santana, que é um perigo, onde Governo Federal não fez nada. Existem muitas estradas perigosas”.

“O PAC, o que é? É uma lista de obras, bem publicitária. Foi feito 1/7, 1/8 do que eles anunciaram como obras prontas . E agora vem se alguém falar que se uma obra foi listada mas não foi feita, é como se a pessoa estivesse se apropriando dessa obra.

“Vai lá para Manaus e pergunta os motivos para faltar luz toda hora. Vive tendo apagão no Brasil inteiro porque não se investiu. Quando teve aquele grande apagão de Itaipu, que foi o primeiro, ela disse que foi culpa da natureza, dos raios. Depois, a justiça e o Tribunal de Contas disseram que foi descaso mesmo”.

“O governo investiu pouco no setor elétrico. O que não impede de explodir as tarifas. Temos a terceira tarifa mais alta de energia elétrica do mundo. E isso, inclusive, devido a aumentos de impostos federais que não voltam para o setor”.

Saúde

“Já fizemos mais de 40 policlínicas em São Paulo: ambulatórios médicos com 25 especialidades, 15 mil consultas/ mês e mais de 40 mil exames de imagem e laboratoriais por mês. A minha proposta é fazer 154 em todo o Brasil”.

“O Governo Federal, em oito anos, não fez nada. Agora, na véspera da eleição, pega uma ideia que foi praticada aqui em São Paulo, - é bom pegar as ideias boas que funcionam na prática – e anuncia para o futuro aquilo que tiveram oito anos para fazer, mas não fizeram”.

“Eu fiz na cidade de São Paulo o Mãe Paulistana, atendimento integral de toda a gravidez até um ano depois do nascimento do bebê. Agora farei o Mãe Brasileira”.

“Por que deixaram a Aids andar para trás? Eu estive num encontro com ONGs que trabalham nessa questão que me mostraram a falta de dois medicamentos . Isso é muito grave. É a perda de prioridade, inclusive, em relação à fabricação nacional dos medicamentos”.

Pessoas com Deficiência"O Governo Federal atual diminuiu a entrega de órteses e próteses e diminuiu, ao mesmo tempo, recursos, pela a metade, com os convênios com as APAEs, inclusive, para o transporte de crianças com deficiência”.

“O ponto de partida para a questão da pessoa com deficiência é passar a encará-las com respeito, dignidade, amor, para oferecer uma reabilitação que lhes permita exercer com plena condição a sua cidadania”.

“Eu, no governo de São Paulo, criei a Rede de Reabilitação Lucy Montoro, que já tem, pelo menos, cinco unidades funcionando em São Paulo, e a minha ideia é fazer no Brasil uma rede nacional Zilda Arns, uma rede nacional ampla, voltada para a reabilitação em todo o lugar”.

Considerações Finais
“Eu queria começar dizendo que é um motivo de muito orgulho me apresentar como candidato à Presidente da República. Vim de muito longe, de uma família pobre, de gente trabalhadora. Graças à escola pública eu cheguei onde cheguei. E foi dentro da minha família, com a minha mãe, com o meu pai, com os meus tios, avós que eu aprendi valores”.

“Para uma eleição, é importante também pensar nos valores dos candidatos. Os meus valores, que eu aprendi criança, são a verdade, a honestidade, a liberdade e a democracia, a justiça e a solidariedade. Solidariedade é aquilo que a gente sente de só ser capaz de ser feliz se estiver tornando alguém mais feliz, e na vida pública eu sempre me pautei por essa atitude. Sempre”.

“Eu sempre fui um servidor público. No congresso, em governos, ministro, Prefeito, Governador. Quem está no comando tem de servir ao público e não se servir dele. Este, para mim, é um princípio fundamental”.

“O que eu quero para o Brasil é um governo de união nacional. Que some o Brasil, some as nossas regiões; o Brasil nunca vai ser um país desenvolvido se todas as regiões não caminharem juntas. Que não desperte o ódio dentro da sociedade brasileira, a divisão, o tratamento do opositor como inimigo e não apenas como adversário. Um país que já está na hora de ser gigante pela sua própria natureza. Sua natureza, uma natureza de paz, de trabalho e de justiça social. Uma natureza que permita a gente fazer todos os avanços que são necessários na saúde, na segurança, na educação, onde eu proponho um pacto nacional, sair fora da batalha política, para resolver o nosso futuro que está nascendo no primeiro ano do Ensino Fundamental de cada sala de aula do nosso país”.

José Serra.

fonte:http://www.serra45.com.br/noticias/destaques-do-debate-redetvfolha

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