sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UM TRIBUTO A ZILDA ARNS

Não poderia eu, deixar de prestar minhas considerações a aquela que talvez entre nós fosse a mais pura demonstração do amor de Deus às nossas crianças, especialmente as mais pobres deste país. Dra. Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, pastoral esta que salvou e vem salvando milhares de crianças em todo o país, a desnutrição ainda é a grande causa de morte de muitos inocentes.

Recordo-me que aqui mesmo em Nova Olímpia-MT, a equipe da Pastoral da Criança tem ajudado muito a combater a mortalidade e a desnutrição infantil, em 2003 escrevi um artigo para um jornal local, intitulado: “Socorro, Chamem a Dra. Caçula” uma alusão ao caos que se encontrava a saúde pública do município naquela época, nossa querida D. Maura ou como é conhecida “Dona Caçula” era então uma das coordenadoras da Pastoral da Criança e gentilmente cedia e ainda cede sua residência para os trabalhos da Pastoral, me recordo que naquela época devido ao grande número de crianças desnutridas e diante da ingerência pública municipal principalmente na área da saúde, os próprios médicos dos Postos de Saúde indicavam aos pacientes para procurarem a Dona Caçula da Pastoral da Criança, onde estas crianças eram acolhidas, tratadas e acompanhadas pela Pastoral, trabalho este que vem sendo realizado até hoje.

Tudo isto para mostrar o quanto foi e é importante o trabalho da Drª Zilda Arns, que morreu em Porto Príncipe, no Haiti, vítima do terremoto que arrasou o país no dia 12. Drª Zilda estava no país a convite da Conferência dos Religiosos para falar sobre a Pastoral da Criança. No momento do terremoto ela fazia uma palestra numa igreja que ruiu completamente e matou dezenas de pessoas.

A história de sua vida ultrapassa, simplesmente, as mais nobres causas e motivações políticas. Oportuno é recordar que a intuição que originou a Pastoral da Criança se aplicou, em primeiro lugar, em Florestópolis, no Paraná, na Arquidiocese de Londrina, com o incentivo do irmão Dom Paulo Cardeal Arns, e com o apoio decisivo de Dom Geraldo Majela Cardeal Agnelo, então arcebispo metropolitano naquela região.

A origem desse projeto, que chegou a motivar a sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz, nasceu no meio dos mais pobres, sem os holofotes habituais dos interesses eleitoreiros e da mesquinhez de se tirar proveito de algo, particularmente no âmbito da projeção política. O olhar fixado nos mais pobres, endereçado às crianças, patrimônio a ser defendido e promovido, com todo esforço, fez brotar do coração de Dra. Zilda esta intuição. Um discernimento visionário que se concretizou com simplicidade, fazendo a diferença, mudando estatísticas na mortalidade infantil, com traços de milagre operado pela força do amor que toma conta do coração de tantos voluntários, exemplares curadores e promotores da vida.
Oxalá, se tivéssemos mais pessoas como Dra. Zilda, o mundo certamente seria mais humano e fraterno. Que ela seja agora acolhida a casa do Pai e que nós possamos dar continuidade a sua obra aqui na terra.

O apóstolo Paulo, em exortação na carta Romanos, 14,18-19, tem uma palavra que se aplica, plenamente, no juízo que se pode, por justiça, fazer a respeito da vida e do testemunho da Dra. Zilda Arns: “É servindo a Cristo, dessa maneira, que seremos agradáveis a Deus e teremos a aprovação dos homens. Portanto, busquemos tenazmente tudo que contribui para a paz e a edificação de uns pelos outros”.

Ailton.

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