por: ALEXANDRE ROLIM / Redação DS - Data do Arquivo: 25/10/2011
O deputado federal Nilson Leitão (PSDB) comprou uma briga em âmbito nacional em defesa do setor sucroalcooleiro, que pode beneficiar diretamente produtores de cana-de-açúcar de Tangará da Serra e região. Ele esteve na cidade ontem e conversou com lideranças e empresários locais sobre sua proposta, para emendar o projeto de lei que institui o novo Código Florestal e tentar alterar dispositivos que impedem o plantio de cana-de-açúcar nos biomas amazônico e pantaneiro e, acaba afetando diretamente a região do Alto do Rio Paraguai.
Leitão, que foi prefeito de Sinop por dois mandatos, não possui muitos vínculos com o agronegócio, entretanto, decidiu adotar a bandeira do setor sucroalcooleiro porque entende que os produtores estão sendo prejudicados injustamente por uma legislação errônea e caduca, de 1985, que impede o plantio de cana em algumas áreas de Mato Grosso, além de impedir que empresários do setor contraiam empréstimos para a construção de novas usinas.
Essa problemática tem afetado um grupo tangaraense que vem há alguns anos pleiteando a instalação de duas usinas de produção de açúcar e etanol, a Ciaterra Participações S.A., empresa composta por aproximadamente 50 investidores, todos da região. Um desses produtores, Normando Corral, apresentou os projetos ao deputado e falou sobre os principais entraves encontrados ao longo dos últimos anos.
Para Leitão, “é necessário que o governo federal libere o plantio nas áreas que já foram abertas e exploradas, não sendo necessário permitir o plantio em áreas de mata virgem, mas sim a exploração em terras que já foram utilizadas para a pecuária ou outras culturas e que hoje estão degradadas”. Nilson lembrou que Mato Grosso tem condições de ampliar significativamente a área de cana, aproveitando apenas as áreas degradadas ou de segundo plantio.
É o caso de Tangará da Serra, onde os empreendimentos da Ciaterra, por exemplo, não abrirão novas áreas para o plantio de cana-de-açúcar, apenas utilizarão as já abertas, não afetando ou degradando os biomas amazônico e pantaneiro, bem como a região do Alto do Rio Paraguai, onde já estão instaladas duas usinas, que abastecem grande parte do mercado mato-grossense e da região Norte do país.
Tem 70 dias que Leitão assumiu a cadeira na Câmara e desde então começou uma maratona de reuniões com lideranças políticas ligadas a todos os setores envolvidos. Segundo ele, além da bancada mato-grossense, a proposta de emenda é apoiada, ou pelo menos é vista com bons olhos, por congressistas ligados ao meio ambiente, inclusive pelo relator do novo Código Florestal, senador Aldo Rebelo (PCdoB/SP).
“Primeiro procurei conhecer a situação lá em cima e agora estou buscando o apoio das pessoas que estão diretamente ligadas a isso, que são os produtores, para que a emenda seja aprovada”, disse. Ele propõe que representantes do setor cobrem e apoiem a iniciativa. Ao longo dos próximos dias, Leitão se reunirá com lideranças estaduais e nacionais para sensibilizá-los sobre o tema. Ainda essa semana ele sentará com deputados mato-grossenses e com a bancada do PSDB.
Presente na reunião de ontem, o presidente das Usinas Itamarati, Sylvio Coutinho, disse acreditar que o fato de Nilson Leitão não ser ligado ao agronegócio aumenta sua credibilidade frente ao assunto. “Acredito que o deputado, por não estar ligado ao setor, partirá para um apelo técnico e não emocional”, comentou o executivo.
ALDO REBELO – O senador e relator do novo Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB/SP), estará em Sinop no próximo dia 04 de novembro. Leitão sugeriu aos produtores do setor uma reunião com o senador a fim de afinar as discussões. “Vocês [produtores] poderão contribuir com a emenda com explicações mais técnicas sobre o assunto”, destacou.
NÚMEROS – O etanol é um combustível 82% mais limpo que os derivados de petróleo. Atualmente, 53% dos automóveis brasileiros são flex, ou seja, aceitam tanto álcool quanto gasolina. O país importa cerca de 5% do etanol que consome, passando da condição de exportador para a de importador. O consumo hoje no país é de 26 bilhões de litros do combustível de cana-de-açúcar e passará a ser de 53 bi em 2017, entretanto, para suprir somente esta demanda interna seria necessária a construção de pelo menos mais 140 usinas no país.
MATO GROSSO – Especialistas afirmam que Mato Grosso é o melhor lugar para se produzir cana-de-açúcar – isso, sem agredir o meio ambiente. Atualmente, o estado é responsável por quase todo o abastecimento de açúcar e etanol do Norte do país, especialmente, Acre, Amazonas e Rondônia, onde 80% do açúcar é de origem mato-grossense.
O crescimento de regiões metropolitanas como Manaus e a abertura do mercado peruano, além da logística, que promete ´unir´ o Brasil ao pacífico através de rodovias e ferrovia, dando acesso mais rápido e barato ao mercado asiático, coloca o estado em posição privilegiada, especialmente a região de Tangará da Serra, onde já existem projetos prontos aguardando liberação para ser efetivado.