quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Vale a Pena Acreditar?


Quando ainda criança, brincava com os filhos de grandes autoridades: juízes, delegados, promotores, advogados e bem defronte a minha casa morava o prefeito da cidade, era com os filhos desses que convivi a minha infância e parte da juventude. Minha ingenuidade infantil e até por conta de que vivíamos um período em que a democracia somente era sonhada e jamais manifestada na sua plenitude, anos 60/70. Quando estávamos brincando e os pais dos meus amiguinhos chegavam a casa, os tais doutores meus visinhos, ficava eu observando-os, seus atos e posturas; elegantes senhores homens da ‘lei’, pensava comigo: quando crescer quero ser igual a eles.

Mas os anos foram se passando e a inocência foi ficando perdida na lembrança da criança agora adulta, e fui descobrindo que o ser humano é provido de um rosário de sentimentos nobres e outros tantos nada nobres, para não dizer mesquinhos, ultrajantes e sórdidos, muitas vezes somos movidos por opiniões e atos estúpidos associados a oportunismo, preconceito, intolerância, estupidez, ganância, inveja, poder, insensatez e vilania. No entanto, nada disso o impede ou limita a sua capacidade criativa ou sua força realizadora, segundo Hildeberto há um tipo de ser humano que produz, realiza e dota a humanidade de trunfos sem precedentes na história do homem.
E no que diz respeito as nossas autoridades de togas, políticos e outros tantos, os exemplos são infinitos e quase diários. Um exército de homens criadores, privilegiados por neurônios férteis e capazes de nos surpreender com atos grandiosos em prol da humanidade ao mesmo tempo em apenas com uma ‘canetada’ ou ‘carteirada’ num único gesto põem por fim décadas de lutas, moralidade, respeito e conquistas.
Mas voltando lá com meus ‘heróis’ vizinhos, cresci ouvindo de meus pais o respeito que deveria ter para com aquele tipo de autoridade, as quais no meu consciente ainda inocente um delegado de polícia, juízes, promotores de justiça, prefeito ou qualquer outro cidadão de bem jamais seria capaz de ser contraventor das leis, jamais se corromperiam ou jamais se deixava levar pelo poder, na minha inocência essas pessoas eram ilibadas e donas de uma índole chamada MORAL e senhores da ÉTICA. Ledo engano. Com raríssimas exceções os detentores do poder sejam eles do judiciário ou de qualquer outra repartição e principalmente na política em sua maioria se dedicam a criar e produzir e a disseminar na sociedade o seu mau caráter, causando estragos de toda ordem, sobretudo prejudicando, roubando, corrompendo e se deixando corromper, vendendo sentenças e criando leis abusivas em benefício próprio, exemplos existem aos montes por aí e, aqui dentro do em nosso próprio Estado e mesmo aqui onde moramos.
Vejo com tristeza, nos dá uma sensação de impunidade, de que estamos vivendo uma realidade irreal aonde o correto é não agir corretamente, o desonesto a vantagem sobre o outro, a ganância pelo poder e pelo dinheiro sobrepõem aos valores morais, éticos e humanos. Pelo poder mata-se, ludibria, corrompe e transgride a Lei, leis que deveriam servir de escudo e proteção os menos favorecidos ou àquele que fosse correto, no entanto o que vemos são leis criadas para proteção de marginais togados ou não, porque bandido é e sempre será bandido, seja ele doutor ou um reles traficante ou ladrão de galinhas, é como disse Antonio Erminio de Moraes: “se não tomarmos cuidado, no próximo milênio não vamos ter nem ética nem dignidade no dicionário português. Serão substituídas por esperteza”.
Ailton.

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