Cientistas do departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution for Science descobriram que a cana-de-açúcar tem mais do que um benefício para o meio ambiente. Para além da utilização como biocombustível para automóveis, cujos brasileiros são líderes mundiais pois um quarto do consumo vem da cana-de-açúcar, a expansão do cultivo em áreas anteriormente ocupadas por outras culturas brasileiras arrefece o clima local.
O estudo, publicado na 2 ª edição da Nature Climate Change, e liderado por Scott Carnegie Loarie, é o primeiro a quantificar os efeitos directos da expansão da cana-de-açúcar em áreas de lavoura e pastagens existentes no Cerrado, centro do Brasil.
A equipa de investigação usou dados de centenas de imagens de satélite sobre 733.000 milhas quadradas, mediu a temperatura, reflectividade e evapotranspiração (perda de água do solo e de plantas como o vapor de água que exalam).
“Descobrimos que a passagem de vegetação natural para lavouras ou pastagens provoca aquecimento local porque as plantas emitem menos água benéfica. Mas a cana-de-açúcar é mais reflexiva e emite mais água. Trata-se de um duplo benefício para o clima, usar a cana-de-açúcar para produzir energia para os veículos reduz as emissões de carbono, enquanto o cultivo baixa a temperatura do ar local”, explicou Scott Carnegie Loarie.
Segundo os cientistas, a conversão da vegetação natural para a cultura/pastagem aqueceu o Cerrado, em média, 1,55 ° C, mas a subsequente conversão para a cana-de-açúcar refrigerou o ar na área circundante, em média, 0,93 ° C.
Os investigadores enfatizam que os efeitos benéficos são contingentes ao facto da cana-de-açúcar ser cultivada em áreas antes ocupadas por lavouras ou pastagens e não em áreas de vegetação natural. Também é importante que outras culturas e pastagens não se movam para áreas de vegetação natural, o que contribuiria para a desflorestação.
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=48568&op=all
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