O relatório 2010 da ONU divulgou os índices de desenvolvimento humano nos países (IDH). Trouxe o Brasil no 73º lugar do ranking. Há avanço na relação entre 2009/2010 (quatro décimos). Contudo, não há como negar que se ficou no ínfimo. Afinal, o Brasil encontra-se entre as 10 maiores economias. Também, não se pode ignorar que as desigualdades regionais são produzidas por governos despreocupados. Aqui se vive a riqueza e pobreza magnânimas. Tudo arrolhado por ausência de ação governamental eficaz no crescimento econômico e que reflita minimamente como desenvolvimento nacional - além do pífio existente.
No IDH do Brasil há crescimento de apenas 0,8% - obtido com ajuda de fator de decréscimo social por política de governo mato-grossense e outros falhos. Tudo simbolizado no gerenciar não condigno da saúde coletiva. Mais visível nos prontos socorros municipais - insipientes. E o da capital local já interditado (sala verde) por colocar em risco máximo os pacientes e profissionais por insalubridades. Têm unidades de saúde espalhadas e com portas lacradas. Inexplicáveis (contabilmente) ausências de remédios hospitalares - básicos. De grande somente as estatísticas das infecções hospitalares e reinantes livres. Enfim, leitos de hospitais públicos ou privados por decênios insuficientes. Conjunto de instituições filantrópicas, que muito pouco retribui aos pacientes - frente ao valor mensal recebido do poder público. É um caos com gastos perdulários do SUS.
A segurança pública local fica acossada por contingente de policiais diminutos (média de menos de cinco mil policiais militares nas ruas). O que registra algo abaixo do aceitável operacional (doze mil policiais no Estado). Há até farra contratual de viaturas policiais com motor 1.0 alugadas de empresa privada (nordestina) ao preço mensal, que daria fácil para montar entre um ano e outro, uma enorme frota estatal de veículos com torques apropriados para as atividades policiais. Há ausência de qualquer política de recuperação prisional por via de atividades profissionais ou familiares para liberação de vagas nos presídios - índice de reincidência criminal em 87%. Tudo aqui se resolve na imatura improvisação - apenas.
Inexistência na maioria dos municípios de Mato Grosso de escolas públicas de ensino médio. O Zimbábue, governado há 30 anos, por Robert Mugabe, tem o IDH mais baixo entre os 169 países. Mas tem a escolaridade de 7,2 anos, muito semelhante à registrada no Brasil e especialmente em Mato Grosso com sua taxa de analfabetismo inalterada. Nada compatível com as riquezas locais. Daí o IDH ser frágil e socialmente vergonhoso nesta rica fronteira agrícola.
Não é porque o Estado tem sido notoriamente corrupto. Desinteressado. Ou excessivamente ineficiente no aspecto humano, que se deve relegá-lo de vez à sorte de apenas recolher impostos. Não que se deseje de pronto ser igual uma Noruega. Austrália. Cujos produtos internos regionais aproximam das nossas regiões do agronegócio em expansão. Mas quiçá como um Chile ou um Irã - fora a intolerância islâmica com apedrejamento de mulher. E que estão acima de nós no ranking do IDH. Aqui está uma tarefa a ser rascunhada por governo sério - além do assistencialismo. Afinal, crescer não foi muito difícil, mas está muito mais duro distribuir oportunidades - desenvolvimento. Recentemente se achou de modo risível, se não fosse trágico, que crescer seria o mesmo que desenvolver. E daí colher hoje vida com baixa qualidade educacional, de saúde coletiva e de segurança pública no Mato Grosso.
Hélcio Corrêa Gomes é advogado e diretor tesoureiro da Associação dos Advogados Trabalhistas de Mato Grosso (Aatramat). E-mail: helciocg@brturbo.com.br
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